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  • Foto do escritorFernanda Braga

Amor sem preconceito: a homossexulidade na terceira idade


Duplamente discriminados: é essa a situação de muitos idosos LGBT. A melhor resposta que existe para é o amor que acolhe mesmo na ‘velhice’ e que abre espaço para o romance também nessa fase da vida.


No post de hoje, vamos falar sobre a homossexualidade e questões relacionadas à identidade de gênero na terceira idade. Em geral, nossa sociedade está se abrindo para o entendimento e o acolhimento das pessoas LGBT, como haveria de ser. Entretanto, a conversa raramente contempla os idosos.


Para muitos, falar sobre sexualidade na terceira idade, em qualquer situação, é incomum. Mas a vida continua e os relacionamentos fazem parte dela, não é mesmo?


Luta contra a exclusão e a invisibilidade

Antes de qualquer coisa, vamos esclarecer que a sigla LGBT faz referência à lésbicas, gays, bissexuais e travestis, transexuais e transgêneros. Ao longo dos últimos anos, para contemplar um grupo maior de pessoas, a sigla foi se transformando para LGBTI+, que inclui pessoas intersexo e conta com o “+” para outras variantes. A sigla LGBTQIA+ também é usada, incluindo queer e assexual. Com essa simples reflexão do que a sigla significa, você consegue imaginar quantas pessoas são representadas por ela? É muita gente. Muita gente que, infelizmente, ainda lida com o preconceito, a exclusão e a invisibilidade.


Famílias, por vezes, afastam ou até expulsam de casa e do convívio pessoas LGBT. A sociedade como um todo, por vezes prefere ignorar a existência dessas pessoas, evitando debates que favoreçam a inclusão ― como permitir que pessoas trans utilizem o banheiro correspondente ao gênero com o qual se identificam. Agora, se a vida é difícil para LBGTs mais jovens, pense em como deve ser desafiadora para os idosos LGBT, um grupo que somente pela idade já tende a ser excluído e invisibilizado.


Os desafios da homossexualidade na terceira idade

Ainda não dispomos de dados que abordam a violência contra idosos LGBT. Mas para que você tenha uma noção da situação, vamos a algumas informações que foram coletadas sobre a nossa sociedade:

  • Em 2018, o Disque 100 registrou aumento de 13% no número de denúncias de violência contra idosos no país em relação ao ano anterior;

  • Ao todo, foram registradas 37.454 notificações de violência, sendo que a maioria delas aconteceu na casa da própria vítima;

  • Também em 2018, o Brasil registrou 1.685 denúncias de casos de violência contra LGBTs;

  • O Brasil é o país que mais mata pessoas LGBT. Em média, uma morte é registrada a cada 19 horas.

Junte tudo isso ao fato de que idosos tendem a ficar isolados quando seus familiares se afastam por conveniência e porque, seguindo a ordem natural da vida, muitos de seus amigos falecem.

Diego Miguel é padrinho da ONG EternamenteSOU (SP), voltada para a população LGBT com 60 anos ou mais, e especialista em gerontologia. Em entrevista ao portal Uol, compartilhou a seguinte informação: “Há artigos que apontam para uma questão muito delicada, a de que idosos LGBT acabam desconstruindo sua identidade de gênero, ou voltam para o armário, para serem aceitos e sentirem-se integrados à sociedade”.


Em resumo, o medo da rejeição ― e até da violência ― faz com que idosos LGBT acabem fingindo ser quem não são, renunciando à sua própria verdade, para serem aceitos pela família e pela sociedade. Com isso, depois de anos de autodescoberta, autoaceitação e enfrentamento dos preconceitos da sociedade, muitos dos que vivem a homossexualidade na terceira idade têm seu direito à liberdade negado.


É para combater essa triste situação e ampliar o acesso à políticas públicas sem preconceito ou tratamento diferenciado que precisamos falar mais sobre LGBTs na terceira idade ― e em qualquer outra fase da vida.


A importância do acesso às políticas públicas

Em 2017, um estudo alertou para o aumento de casos de DSTs ― doenças sexualmente transmissíveis ― entre a população idosa. A verdade é que, com o avanço da medicina e a ampliação da expectativa de vida, entrar na terceira idade está longe de ser sinônimo para a falta de energia, alegria de viver ou falta de disposição e interesse para o romance e o sexo.

O acesso às políticas públicas ajuda a disseminar informação e práticas de prevenção contra DSTs. Para os idosos LGBT, mais do que acesso, precisamos garantir um atendimento adequado.

Ainda existem profissionais que, por preconceito, não atendem bem aos LGBTs, o que pode fazer com que seus eventuais problemas de saúde e vida sexual não recebam a devida atenção.


Barreira que se vence com amor

Por um momento, esqueça que estamos falando sobre LGBT na terceira idade e considere apenas a solidão e o isolamento que muitos idosos enfrentam no dia a dia. Filhos adultos, casados ou não, mas cuidando de suas próprias vidas com pouco tempo para ver a mãe ou o pai. Idosos que não tiveram filhos e que, por terem considerável autonomia, não recebem a atenção que gostariam dos demais membros da família. E por aí vai…


Essa exclusão do convívio familiar muitas vezes leva à exclusão também do convívio social. Isolados e esquecidos, idosos tendem a se sentir mais tristes e desmotivados a sair de casa e se engajar em atividades sociais ― algo que, inclusive, pode levar à depressão e a outros problemas de saúde mental. Quando a saúde mental de fato é comprometida, torna-se necessário tratamento médico. Em geral, porém, a solidão que muitos idosos sentem é curada com amor. Amor da família e dos amigos, velhos ou novos, com os quais mantêm contato ao seguir uma vida social mais ativa.


Idosos que se sentem incluídos na sociedade podem até mesmo encontrar um novo amor, uma nova parceria para seguir à vida e desfrutar de novas experiências e alegrias. Parece bom, não acha? Pois bem. Tudo isso também faz sentido para idosos LGBT. É a inclusão que dá a essas pessoas o ânimo para seguirem experimentando a vida, se divertindo e cultivando amizades.

É a aceitação, especialmente da família, que faz com que o idoso LGBT se sinta livre para ser quem é e até para se abrir a um novo amor. Assim, sem preconceitos, passam a levar uma vida mais leve, o que pode lhes garantir mais saúde, disposição e independência.




Fonte: https://blog.obabox.com.br/homossexualidade-terceira-idade/

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